O Bike Mãozinhas foi de novo alvo de destaque na edição deste mês do Notícias do Parque, o jornal local do Parque das Nações:
“Em mais jovem deliciava-me a andar de bicicleta. Faço parte da primeira geração cujos pais já puderam oferecer uma bicicleta aos filhos enquanto novos, e nós dávamos-lhe proveito. Nas férias, acompanhado de primos ou amigos, era calcorrear estradas e estradinhas, montes e vales. Mas quando tinha algum problema na bicicleta, o que rezava para que não acontecesse na minha, delegava com satisfação no meu primo entusiasta da bicicleta a tarefa “chata” e imprescrutável de a reparar. Estávamos longe de imaginar que 15 anos mais tarde eu, o tipo para quem reparar bicicletas era tão interessante como limpar a casa-de-banho, viria a estar envolvido numa cicloficina.
Ajudar pessoas comuns, leigas na mecânica da bicicleta, a resolverem e aprender a resolver problemas básicos na sua bicicleta e, sobretudo, a dar-lhes o poder para serem mais autónomas na sua utilização quotidiana, é o princípio de uma cicloficina. Na cicloficina aparecem entendidos em mecânica da bicicleta, que voluntariamente ajudam qualquer um a resolver problemas simples como uma afinação de mudanças, uma reparação de um furo ou uma afinação de travões. Mas uma cicloficina é muito mais do que isso.
O tipo de cliente mais típico de uma cicloficina é provavelmente alguém que, como eu, utilizou a bicicleta nos tempos de adolescência e que a mudança de interesses e responsabilidades o levaram a armazená-la durante anos a ganhar pó. O acto de resgatar a bicicleta a este destino, para a voltar a usar, desta vez em ambiente urbano, é um sintoma de uma qualquer vontade de mudança por parte de quem o toma. Uma vontade de mudança que pode ser poderosa, porventura acompanhada de sonhos de uma vida diferente, de procura da liberdade, eventualmente de desmaterialização, diversão, saúde, sociabilização, mas também de um sentimento de exploração do desconhecido que é andar de bicicleta em plena cidade.
O encontro de pessoas que partilham destes sentimentos pode dar coerência e chama a esses sentimentos. A partilha de sonhos dá-lhes mais sentido, pode fazer surgir outros novos, ou dar a segurança necessária para os concretizar. É por isso que uma cicloficina, além de um local de reparação e aprendizagem da mecânica da bicicleta, é também um espaço de encontro e realização de sonhos.
Traga a sua bicicleta e apareça na Cicloficina do Oriente, todas as primeiras Terças-Feiras de cada mês. Encontre-a também em https://cicloriente.pt/ “